Esta é a
primeira parte da série “Ônibus que você não verá mais nas ruas de SP”. E nada
mais, nada menos, vamos relembrar um ônibus articulado que fez história na
cidade de São Paulo, entre os anos de 1996 a 2009: o Caio Alpha Mercedes-Benz
O400 UPA, os primeiros com motor traseiro e que seria o embrião do Mondego HA e
posteriormente dos superarticulados Millennium BRT de 23 metros.
Vamos
começar do início, e bem do início. A história deste marcante ônibus começa em
abril de 1996, quando a CAIO (que um dia viria a ser do Grupo Ruas) começa a
fabricar 28 Alphas articulados a pedido do Sr. Constantino, que era dono da
Viação Pioneira do lote 62 que operava na Zona Norte de São Paulo. Além disso,
Constantino também adquiriu 61 Alphas Padron sob chassi Volvo B58 e todos iriam
operar no corredor Inajar de Souza – Rio Branco, nas linhas 9500 e 9501 Term.
Cachoeirinha – Paissandu (o primeiro corta caminho e pega algumas ruas análogas
a Inajar, e o segundo circula exclusivamente no corredor), e na 9300 Term. Casa
Verde – Praça Ramos (antes dela ser da saudosa Eletrobus, com os trólebus
Marcopolo Torino GV Volvo B58 Powertronics, série 79). Aí aos poucos eles
começam a chegar, mas na inédita faixa verde – acredito eu que a faixa vermelha
não combinaria mesmo com os articulados, então além destes a Pioneira começa a
pintar os Caio Vitória que passaram da faixa vermelha para o verde, e os Alphas
substituem de vez os Torino LN Scania K112 ex-CMTC, que cumpriram sua missão
por 12 anos (desde 1984). Em 15 de maio de 1996, os Alphas começam a operar,
abrindo a era da faixa verde e fazendo também a Viação Santo Amaro começar a
repintar os trólebus Mafersa série 73, o articulado 8000 (Caio Amélia Volvo B58
Villares) e seus articulados a diesel série 85, o Caio Vitória. Na Zona Leste,
Masterbus e Viação Cidade Tiradentes, vulgo VCT, também fazem o mesmo com seus
articulados (enquanto a Masterbus tinha os três Torino GV LS Volvo B10M, que chegaram
em março de 96, a VCT tinha também três Torino LN Volvo B58 vindos de Curitiba
e chegaram em agosto de 1995).
Antes de
chegar à década de 2000, aqui a relação das linhas em que os Alphas
Mercedes-Benz O400 UPA da Viação Campo Belo operavam na época, provavelmente
com frota compartilhada com os Volvo B10M (Alpha, Ciferal GLS Bus, Neobus Mega
Evolution e os biarticulados Torino GV LS 27 333, Marcopolo Viale e Papa-Fila –
este último o imperdível antecessor do Topbus):
6001-10
Term. Capelinha – Term. Santo Amaro
6040-10
Term. Capelinha – Itaim Bibi (antecessor da 648P, que ia inicialmente até
Pinheiros e operada com Millennium I Padron e Alpha O371, depois encurtado no
terminal homônimo na gestão Malddad)
6400-10
Term. João Dias – Term. Bandeira
6403-10
Term. João Dias – Praça da Sé (em 2001, esta linha passou a ir até o Term.
Parque Dom Pedro II)
6450-10
Term. Capelinha – Term. Bandeira (via Corredor Santo Amaro)
6451-10
Term. Capelinha – Term. Bandeira (via Marginal Pinheiros) (em parceria com a
Transkuba)
6455-10
Term. Capelinha – Largo São Francisco (engraçado, em um vídeo de 1998 do Michel
Betto parcialmente se vê um Alpha subindo a 23 de Maio operando nesta linha).
Ah, e sem
falar que a VCB chegou a ter em sua frota o 27 003, um Ciferal GLS Bus
Mercedes-Benz O400 UPA, primeiro com a faixa verde, depois com a maldita
pintura dos bonequinhos da Martaxa sob o prefixo 727 003 (sinceramente, este
foi o pior momento do transporte em SP antes do Interligado, da modelagem atual
dos corredores e do Bilhete Único) e por último na pintura do Interligado como
7 2003. Ele operou no mínimo até o final de 2006, quando não foi mais visto nas
ruas, ou seja, foi Baixado e desmanchado em seguida. Isto nem entra em outra
parte, mas logo mais eu conto a história do Torino GV articulado da Transkuba.
Chegando aos anos 2000, a história destes
articulados começa a acabar de vez na era do Interligado – mas antes, vários deles
foram para a Viação Cidade Dutra com a inauguração do Terminal Varginha,
operando nas linhas 6913, 6960, 5370 e 675X, que tinham como terminal
secundário na respectiva ordem o Bandeira, Santo Amaro, Largo São Francisco e
Metrô Vila Mariana. Os Alphas da Zona Norte, que passaram por Jaraguá e Marazul
antes de chegar na Santa Brígida – lote 138 no pré e 1 1xxx no Interligado, tem
seus finais decretados entre 2006 e 2007. Em 2008, era
a vez dos Alphas da Campo Belo, VIP Guarapiranga (sucessora da Jurema e
antecessora da Metrópole Paulista) e Cidade
Dutra (hoje Viação Grajaú) darem seu último adeus, e em 30 de
junho de 2009, a GATUSA tira de circulação seus articulados, que sempre
operaram a 6200 e raramente eram vistos em outras linhas (eu cheguei a ver eles
na 637P, 6414 e 6422, se é que você me entende...).
Em todos os casos, eles foram substituídos pelo
inovador e promissor Mondego HA de piso baixo, pelo Topbus biarticulado (apenas
na Cidade Dutra e Campo Belo), pelo
Millennium II Volvo B12M e Mercedes-Benz O500 MA (no caso a Santa Brígida os adquiriu
junto com os Mondego). O que
ninguém sabia, é que os superarticulados de 23 metros de piso baixo de
carroceria Millennium BRT, chassi O500 UDA que viriam na gestão Malddad seriam
os sucessores definitivos, e com a intenção de durarem muito mais do que estes
ônibus, talvez a eternidade (quando um Millennium BRT sai de circulação, outro
Millennium BRT com a mesma especificação, mas com novos recursos tecnológicos
entra no lugar. Provavelmente, é isso que vai acontecer a partir de 2023-2024,
quando os primeiros atingem 10 anos de circulação).
Então, este foi o primeiro episódio do quadro
“Ônibus que você não verá mais nas ruas de SP”, abordando este saudoso ônibus
articulado, uma bela máquina, o mais barulhento articulado da história do
transporte coletivo no Brasil, aqui no Linksys Spider!