Como vocês
sabem, 25 de janeiro não é apenas o aniversário de São Paulo, mas sim da
emissora mais paulistana de todos os tempos. Hoje, a Gazeta
faz 52 anos, mas não há muito o que comemorar. Sabe por que? Porque
infelizmente a emissora atravessa sua pior fase, talvez eternamente. Esta
semana, dois programas saíram do ar, o Cozinha Amiga e
o Fofoca
Aí, e este inclusive era a maior audiência da emissora. Estes dois
programas literalmente se fundiram com o Mulheres,
que passou a ser exibido das 14h às 18h. Enquanto que o Revista da Manhã e o Você Bonita, passaram a ser exibidos 11h e 12h30.
Mas vamos
voltar no tempo, 22 anos atrás, no millennial ano 2000. Depois de romper parceria
com a CNT, a Gazeta se comprometeu a fazer programação para o
público feminino de manhã e a tarde (embora tenha no início da tarde Em Questão e Gazeta
Esportiva) e para todas as idades no fim de tarde e a noite, com programas como
Clipper (com videoclipes, debates e a sensual Índia Aigo), Festa Sertaneja,
Ligação, Ione e Bastidores da Fama.
Adivinhe
quem era a maior audiência da Gazeta na época? Sérgio Mallandro, com seus dois
programas, Allegria Geral e Festa do Mallandro.
Ele, que divertia os telespectadores de São Paulo e outras localidades do
Brasil através de retransmissoras com pegadinhas engraçadas, atrações musicais
e as Mallandrinhas que faziam brincadeiras e dançavam as músicas que os
cantores (como funkeiros e pagodeiros) cantavam no programa. Eu, Alessandro
Baptista, era telespectador assíduo dele, e tinha o detalhe que o Mallandro
pegava mais leve que o João Kleber (cujo programa Eu Vi
na TV passava bem tarde nas noites de segunda, mas nos sábados era bem cedo)
e o Ratinho (que pegava pesado e era o POSTAL
2 da
televisão brasileira, posto que depois seria do Pânico – e por isso meus pais
não deixavam assistir o bigodudo que descia o cacete nas autoridades).
Neste
programa Festa do Mallandro, momentos engraçados aconteceram, como a briga entre Ryan Gracie e Wallid Ismail, aquelas exibições do quadro que tentava imitar o Teste de Fidelidade (era literalmente uma guerra entre SM e JK para
ver quem extrapolava), a treta envolvendo Rafael Ilha (tudo por causa de
açúcar) e a briga do Mallandro com a Vivi Fernandez (que depois virou atriz das
Brasileirinhas). Os anos de 2000 a 2002 foram mesmo uma época de ouro para a Gazeta.
Com o
advento dos reality shows como BBB e Casa dos Artistas, Sérgio Mallandro deu sua
resposta: criou a Casa dos Desesperados, que só teve duas edições e que eram
exibidos dentro do programa dele. Era muito engraçado o quadro, muitas brigas,
modelos mostrando sua sensualidade na piscina e no chuveiro (não posso colocar
o link do YouTube, virou tudo conteúdo Max Prime...), Mallandro
sacaneando os participantes, e muito mais.
Infelizmente,
o segundo semestre de 2002 mudaria a história da Gazeta para pior. No dia
7 de setembro, justamente no Dia da Independência, às 22h, sintonizei no canal 21 (não é a Rede 21, a Gazeta na NET era
e é até hoje no canal 21) e descobri que a Festa
do Mallandro ACABOU, e desabei em choro depois disso (para uma criança de 6
anos como eu, Alessandro, tinha que manifestar minha raiva). Este segundo
semestre foi pior do que o primeiro semestre, veja bem: no dia 10 de agosto,
quando a Festa do Mallandro passou neste dia e quase estava nos últimos
suspiros, Martaxa tirou os trólebus das quatro
linhas da Zona Norte (107T Tucuruvi – Cidade Universitária, 107P Mandaqui – Pinheiros, 1301 Parque Peruche – Praça da República e 1428 Santa Terezinha – Cásper Líbero) e durante
este período, ela ainda teve que enfrentar sequenciais greves de ônibus na
capital paulista. E em 27 de outubro, Luladrão
era eleito de vez, iniciando a auto-destruição da política nacional brasileira.
Quando sintonizei
na Gazeta
de novo, eu pensei: tenho que descobrir a verdade na internet. E consegui,
através do site do repórter Thiago Gardinali (sendo que não assinava Folha de
São Paulo e nem Estadão), que houve o maior corte de gastos da história da
emissora da Av. Paulista, com 80 funcionários demitidos e sete programas
noturnos retirados do ar. Gardinali até disse que o Clodovil só se dava mal, e
era azarado em cada emissora onde era contratado (depois a história se repetiu
na RedeTV! e na extinta TV JB, com
duração ainda menor que a Loading, até
Clodovil morrer em 2009). Mas fiquei comovido com a história da Drica Lopes,
que era cria da emissora (ela era estudante na faculdade Cásper Líbero nos anos
90) e que depois não conseguiu espaço em outra, nem mesmo na RedeTV! e na Band. Ao contrário deles e também do Sérgio
Mallandro, três apresentadores conseguiram ficar na Gazeta: Ione Borges,
Antônio Guerreiro e Celso Cardoso.
Porém, meses
depois, Sérgio Mallandro conseguiu voltar para a RedeTV!
e depois para a Gazeta, em 2004, mas só peguei pouco esta época, já que o programa
era independente e era difícil de ver por causa da minha tia (que preferia ver
a Band toda noite, inclusive nos sábados, dia de Caixa
Preta com a Preta Gil). Em 2005, o programa de Mallandro saía de vez do
ar na Gazeta
graças ao Ministério Público, dizendo que as pegadinhas eram homofóbicas.
Depois disso, a Gazeta nunca mais foi a mesma.
Houve a
tentativa da emissora de se reerguer entre 2011 e 2018, com programas como o
humorístico Os Impedidos, e na linha de shows programas como A Máquina
(Fabrício Carpinejar), Hoje Tem e Vem Comigo (com o saudoso Goulart de Andrade),
até mesmo programas de auditório como aquele do padre Alessandro Campos e o
Rinaldi Faria, mas a tentativa foi em vão. E agora, a Gazeta
continua a mesma desde 2018, vendendo horários para igrejas e apostando apenas
em quatro áreas: os programas voltados ao público feminino, o formato de
televendas, os esportivos e jornalismo, restrito ao Jornal da Gazeta e ao
Edição Extra, exibido de vez em quando aos domingos depois do Mesa Redonda.
Bem, esta
foi a história que eu contei para você sobre a Gazeta,
como eu era feliz com o programa do Sérgio Mallandro. E este foi a primeira
postagem de 2022, quem sabe teremos mais depois. Tudo bem? Tchau!