Monday, January 31, 2022

O início do fim da CPTM

 

27 de janeiro de 2022. Esta data marca como o início do fim da CPTM. E nesta mesma data, a ViaMobilidade assume as linhas 8 Diamante (o que inclui os antigaços trens série 5400, cujo aviso de fechamento das portas se assemelha a uma buzina de caminhão ou de um ônibus monobloco Mercedes-Benz O365) e 9 Esmeralda (levando ainda sete trens série 8500 – literalmente acertei que estes viriam para cá).

O que acontece agora? A certeza é que vários trens série 7000 terão de ser pintados com este esquema mostrado na foto acima, lembrando as cores da CBTU e até mesmo da Supervia do erre-jota. Fontes indicam que os 5400 serão baixados de vez, dando lugar aos 7000 de quatro carros – ou se a CPTM quiser, os trens série 3000, parados há tempos desde que deixou de operar na linha 10 Turquesa – hoje unificado com a 7 Rubi. Como todos sabem, a ViaMobilidade terá que trazer 36 novos trens que aparentemente serão iguais aos 9000 que operam hoje na linha 12 Safira.

Mas o futuro da CPTM é obscuro, obscuro até demais. Com planos de lançar o Trem Intercidades entre Campinas e São Paulo, com chance de inclusive chegar à Santos, o governo de SP planeja também privatizar o Serviço 710, e resultado? Todos os trens série 8500 e 9500 entregues à iniciativa privada. Minha aposta é que como o maldito sindicato dos ferroviários não quer que a CCR leve também o Serviço 710, provavelmente a Acciona (que constrói hoje a Linha 6 Laranja do metrô) leva esta grande linha.

No entanto, o governo quer mais e privatizar também as linhas 11 Coral, 12 Safira e 13 Jade. Quem sabe, talvez a BR MOBILIDADE ou até mesmo a NEXT, a operadora do Corredor ABD de trólebus e que vai ter um BRT 100% elétrico entre Sacomã, passando por São Caetano do Sul até chegar em São Bernardo do Campo, leve estas três linhas que vão muito longe na Zona Leste. Será o fim da CPTM batendo na porta? É o que vamos ver nos próximos anos... não tenho tanta coisa para comentar.

Então é isso, fevereiro tem mais. Tchau!

Tuesday, January 25, 2022

Um humorista engraçado que fazia a Gazeta cada vez melhor

 

Como vocês sabem, 25 de janeiro não é apenas o aniversário de São Paulo, mas sim da emissora mais paulistana de todos os tempos. Hoje, a Gazeta faz 52 anos, mas não há muito o que comemorar. Sabe por que? Porque infelizmente a emissora atravessa sua pior fase, talvez eternamente. Esta semana, dois programas saíram do ar, o Cozinha Amiga e o Fofoca Aí, e este inclusive era a maior audiência da emissora. Estes dois programas literalmente se fundiram com o Mulheres, que passou a ser exibido das 14h às 18h. Enquanto que o Revista da Manhã e o Você Bonita, passaram a ser exibidos 11h e 12h30.

Mas vamos voltar no tempo, 22 anos atrás, no millennial ano 2000. Depois de romper parceria com a CNT, a Gazeta se comprometeu a fazer programação para o público feminino de manhã e a tarde (embora tenha no início da tarde Em Questão e Gazeta Esportiva) e para todas as idades no fim de tarde e a noite, com programas como Clipper (com videoclipes, debates e a sensual Índia Aigo), Festa Sertaneja, Ligação, Ione e Bastidores da Fama.

Adivinhe quem era a maior audiência da Gazeta na época? Sérgio Mallandro, com seus dois programas, Allegria Geral e Festa do Mallandro. Ele, que divertia os telespectadores de São Paulo e outras localidades do Brasil através de retransmissoras com pegadinhas engraçadas, atrações musicais e as Mallandrinhas que faziam brincadeiras e dançavam as músicas que os cantores (como funkeiros e pagodeiros) cantavam no programa. Eu, Alessandro Baptista, era telespectador assíduo dele, e tinha o detalhe que o Mallandro pegava mais leve que o João Kleber (cujo programa Eu Vi na TV passava bem tarde nas noites de segunda, mas nos sábados era bem cedo) e o Ratinho (que pegava pesado e era o POSTAL 2 da televisão brasileira, posto que depois seria do Pânico – e por isso meus pais não deixavam assistir o bigodudo que descia o cacete nas autoridades).

Neste programa Festa do Mallandro, momentos engraçados aconteceram, como a briga entre Ryan Gracie e Wallid Ismail, aquelas exibições do quadro que tentava imitar o Teste de Fidelidade (era literalmente uma guerra entre SM e JK para ver quem extrapolava), a treta envolvendo Rafael Ilha (tudo por causa de açúcar) e a briga do Mallandro com a Vivi Fernandez (que depois virou atriz das Brasileirinhas). Os anos de 2000 a 2002 foram mesmo uma época de ouro para a Gazeta.

Com o advento dos reality shows como BBB e Casa dos Artistas, Sérgio Mallandro deu sua resposta: criou a Casa dos Desesperados, que só teve duas edições e que eram exibidos dentro do programa dele. Era muito engraçado o quadro, muitas brigas, modelos mostrando sua sensualidade na piscina e no chuveiro (não posso colocar o link do YouTube, virou tudo conteúdo Max Prime...), Mallandro sacaneando os participantes, e muito mais.

Infelizmente, o segundo semestre de 2002 mudaria a história da Gazeta para pior. No dia 7 de setembro, justamente no Dia da Independência, às 22h, sintonizei no canal 21 (não é a Rede 21, a Gazeta na NET era e é até hoje no canal 21) e descobri que a Festa do Mallandro ACABOU, e desabei em choro depois disso (para uma criança de 6 anos como eu, Alessandro, tinha que manifestar minha raiva). Este segundo semestre foi pior do que o primeiro semestre, veja bem: no dia 10 de agosto, quando a Festa do Mallandro passou neste dia e quase estava nos últimos suspiros, Martaxa tirou os trólebus das quatro linhas da Zona Norte (107T Tucuruvi – Cidade Universitária, 107P Mandaqui – Pinheiros, 1301 Parque Peruche – Praça da República e 1428 Santa Terezinha – Cásper Líbero) e durante este período, ela ainda teve que enfrentar sequenciais greves de ônibus na capital paulista. E em 27 de outubro, Luladrão era eleito de vez, iniciando a auto-destruição da política nacional brasileira.

Quando sintonizei na Gazeta de novo, eu pensei: tenho que descobrir a verdade na internet. E consegui, através do site do repórter Thiago Gardinali (sendo que não assinava Folha de São Paulo e nem Estadão), que houve o maior corte de gastos da história da emissora da Av. Paulista, com 80 funcionários demitidos e sete programas noturnos retirados do ar. Gardinali até disse que o Clodovil só se dava mal, e era azarado em cada emissora onde era contratado (depois a história se repetiu na RedeTV! e na extinta TV JB, com duração ainda menor que a Loading, até Clodovil morrer em 2009). Mas fiquei comovido com a história da Drica Lopes, que era cria da emissora (ela era estudante na faculdade Cásper Líbero nos anos 90) e que depois não conseguiu espaço em outra, nem mesmo na RedeTV! e na Band. Ao contrário deles e também do Sérgio Mallandro, três apresentadores conseguiram ficar na Gazeta: Ione Borges, Antônio Guerreiro e Celso Cardoso.

Porém, meses depois, Sérgio Mallandro conseguiu voltar para a RedeTV! e depois para a Gazeta, em 2004, mas só peguei pouco esta época, já que o programa era independente e era difícil de ver por causa da minha tia (que preferia ver a Band toda noite, inclusive nos sábados, dia de Caixa Preta com a Preta Gil). Em 2005, o programa de Mallandro saía de vez do ar na Gazeta graças ao Ministério Público, dizendo que as pegadinhas eram homofóbicas. Depois disso, a Gazeta nunca mais foi a mesma.

Houve a tentativa da emissora de se reerguer entre 2011 e 2018, com programas como o humorístico Os Impedidos, e na linha de shows programas como A Máquina (Fabrício Carpinejar), Hoje Tem e Vem Comigo (com o saudoso Goulart de Andrade), até mesmo programas de auditório como aquele do padre Alessandro Campos e o Rinaldi Faria, mas a tentativa foi em vão. E agora, a Gazeta continua a mesma desde 2018, vendendo horários para igrejas e apostando apenas em quatro áreas: os programas voltados ao público feminino, o formato de televendas, os esportivos e jornalismo, restrito ao Jornal da Gazeta e ao Edição Extra, exibido de vez em quando aos domingos depois do Mesa Redonda.

Bem, esta foi a história que eu contei para você sobre a Gazeta, como eu era feliz com o programa do Sérgio Mallandro. E este foi a primeira postagem de 2022, quem sabe teremos mais depois. Tudo bem? Tchau!