Bem, como vocês sabem, este fim de semana se completam 74 anos de trólebus no Brasil. Nada mais nada menos do que homenagear os 37 trólebus Marcopolo Torino GV, chassis Volvo B58 e tração Gevisa, na qual sequer um foi preservado pela SPTrans. Talvez por isso, este é o quarto episódio da série Ônibus que você não verá mais nas ruas de SP. Começando... mas em ordem cronológica, mais uma vez.
1997 – Cumprindo contrato de trazer 37 trólebus novos, a Transbraçal (que agora atendia pelo nome TB Serviços e colocou sua logomarca ainda no segundo semestre de 1996, no ACF-Brill 69 6021 e também nos Grassi 69 6008 e 69 6012, posteriormente nos outros trólebus Villares que ainda operavam) compra de início 8 trólebus similares aos que operavam na Eletrobus, mas em tração Gevisa e com prefixos 69 6301 a 69 6308 – sem falar que eles não tinham portas elevadas para corredor de ônibus. Já em junho, eles chegam na garagem e começam a ser testados no mês seguinte. Em setembro do mesmo ano, eles começam a rodar na linha 702P Belém – Pinheiros, que já exigia trólebus mais potentes e com tração IGBT na Rua Augusta (não é a toa que a Eletrobus não colocou os série 75/76 nas linhas 307U e 207U, pelo fato que eram Chopper Tiristor e por isso, não eram potentes). Posteriormente, entre outubro e dezembro de 1997, começam a rodar os trólebus de prefixos 69 6309 à 69 6312, também na mesma linha.
1998 – Entre janeiro e junho de 1998, começam a rodar os últimos 24 trólebus, de prefixos 69 6313 à 69 6337. Desta vez, não só na 702P, como também nas linhas 107P Pinheiros – Mandaqui, 107T Cidade Universitária – Tucuruvi (talvez por isso, explica o TP destas linhas na Zona Oeste, graças a Erundina que quis avacalhar tudo, ao invés da Zona Norte – mas ainda vamos avançar nesta história) e 4113 Gentil de Moura – Praça da República. Sem falar que estes 24 veículos significam a renovação de frota na época: com a chegada deles, de início, foram baixados os Villares Scania de prefixos 69 6095 e 69 6109, entre outros Villares (alguns FNM e GMC-ODC também foram embora, junto com todos os de chassis originais ACF-Brill [não recordo o prefixo dos últimos veículos, já que uma pequena parte deles foi baixado entre 1994 e 1997] e WESTRAM, como o 69 6001, 6002, 6003, 6004 e 6006). Posteriormente, em setembro, o ACF-Brill 69 6021 (totalmente original, mas com o chassi dianteiro e o motor de tração modificado, assemelhando aos trólebus Scania) deixa de operar e começa a ser reformado para participar do evento dos 50 anos de trólebus em SP, e em dezembro foi a vez dos dois Grassi 69 6008 e 69 6012 se despedirem. Apesar desta renovação de frota, a Transbraçal ou TB Serviços não quis operar uma das linhas do Serviço Circular Central, possivelmente em parceria com a Eletrobus.
2001 – Com a renovação de frota entre setembro e novembro de 2001, onde todos os Villares (seja com chassis FNM, GMC-ODC, ou aqueles que receberam eixos de tração Scania, como o 69 6137, 69 6165, 69 6068, 69 6091, 69 6169, 69 6073 e 69 6161, este último preservado, além de outros 4 trólebus oriundos da CMTC que nem sei o prefixo) seriam de vez baixados, os série 63 passam a operar também nas linhas 1301 Parque Peruche – Praça da República (até 2000, ia até a Cásper Líbero, não na Avenida Paulista onde fica a faculdade homônima e a sede da TV Gazeta, mas no centro) e 1428 Santa Terezinha – Cásper Líbero. Juntamente com outros 54 trólebus Marcopolo Torino GV Scania BR-116 Powertronics oriundos da Eletrobus e que receberam a maldita faixa dos bonequinhos da Martaxa, e posteriormente a desgraça ocorreria (ler abaixo). Além disso, após a baixa dos Villares, houve uma troca de linhas entre a Eletrobus e a Transbraçal: a primeira ficou com a 4113 enquanto a TB Serviços com a 9300 Terminal Casa Verde – Terminal Parque Dom Pedro II, inclusive com uma troca de frota entre elas – a Eletrobus ficou com alguns veículos série 77 com estes malditos bonequinhos do CORRU*PT*OS enquanto a TB com quase todos os trólebus com a pintura do Circular Central e os articulados 8000 e 8001, que passaram a operar na 9300.
69 6328... infelizmente esta linha rodou pouco com estes trólebus... se tiver coragem para ler o que aconteceu com esta linha, continue lendo :-(
2002 – Em 10 de agosto, um sábado fatídico, a situação dos trólebus da Garagem do Brás piora quando as linhas 107T, 107P, 1301 e 1428 são repassados para a Brasil Luxo do Belarmino e a Viação Nações Unidas que não fazia parte do grupo ainda e seria encampado pela Sambaíba no sistema Interligado. Com isso, os trólebus ainda continuam na Zona Norte, mas apenas na 9300. E para piorar a situação, o Consórcio Aricanduva é obrigado a repassar as linhas 3160 Terminal Vila Prudente – Praça Clóvis e 2340 Terminal Penha – Terminal Parque Dom Pedro II (que mudou para 2350 e agora encurtado no Terminal Aricanduva, o mesmo trajeto da extinta 207U) para a Expandir. Os série 63 (369 6301 a 369 6337) passam a operar exclusivamente na 702P, que passa a ir do Terminal Penha até Pinheiros.
Que raiva da Martaxa... CORRU*PT*OS
2003 – Com o sistema Interligado já em vigor, os série 63 recebem prefixos 3 3001 a 3 3037 na Expandir. Mas o pior acontece no final do ano: em 20 de dezembro, a Garagem do Brás deixa definitivamente de operar com trólebus, passando a operar com ônibus a diesel e a Expandir muda o lote, passando de 3 3xxx para 3 9xxx, e operando com Apache S21 e Apache VIP com chassi Mercedes-Benz OF-1721. Enquanto a desativação da rede aérea na garagem era decidida, guinchos levavam vários trólebus Scania para a garagem de Santo Amaro, com exceção de cinco veículos, que junto com os série 63 e os dois híbridos (sem catenárias é surreal, como é o caso do 3 3094 e 3 3095), migram para a Garagem do Tatuapé sem serem guinchados, apenas pilotados por motoristas entre uma garagem e outra. Estes sete Scania recebem prefixos 4 1967 à 4 1974 – enquanto os série 63, 4 19xx (havia uma mistura de frotas diferentes na época). Na área 4, passaram a ser vistos em todas as linhas sob catenárias, inclusive na noturna 2291 São Mateus – Praça da República, com exceção talvez da 4112 Santa Margarida Maria – Praça da República, 2101 Praça Silvio Romero – Praça da Sé (incluindo a ramificação para o terminal Vila Prudente) e da 2002 Terminal Parque Dom Pedro II – Terminal Bandeira.
Antes na 702P exclusivamente... agora nas linhas da Zona Leste e Centro, mas pelo menos, voltaram para a 4113...
2004 e 2005 – Enquanto o sistema Interligado ia cada vez mais no auge para delírio dos esquerdistas, que acreditavam que a Martaxa seria reeleita (e não conseguiu o feito inédito), os série 63 deixavam de ter a faixa vermelha e até o início de 2005, foram todos pintados na cor vermelha, remetendo à Área 4 – Leste.
Junho
de 2006 – Em um ataque inacreditável, enquanto operava na 2290 ou na 342M, o
trólebus 4 1988 (69 6304, 369 6304 e 3 3004) foi incendiado por vagabundos do PCC
em São Mateus e existia um vídeo no YouTube onde um homem
mostrava a cena bárbara das cinzas do veículo. Infelizmente, ele foi removido
anos depois, provavelmente pelo canal que postou o vídeo ter recebido strikes.
Mas antes disso, segundo Samuel Tuzi em um grupo do Facebook, uma torcida
organizada de futebol meio comunista e meio idiota tinha invadido a garagem do
Tatuapé e queimaram três veículos Scania BR-116 Powertronics (todos série 77) –
e eu lembro muito bem dos prefixos dos que foram incendiados: 4 1695, 4 1696 e
4 1709.
2009 – A Himalaia, que operava o sistema trólebus desde 2005, quase chega a decretar a desativação dos 37 Gevisa série 63, mas a baixa não chega a ser autorizada pela SPTrans. Então, eles voltam à ativa, mas com novos adesivos.
2012 à 2014 – Após a Ambiental ter entrado no lugar da Himalaia, a empresa finalmente cumpre à promessa e adquire mais de 140 trólebus novos para substituir não só os Scania BR-116, como também os Volvo B58 com trações Gevisa e Powertronics. E o último mês de operação destes veículos é em setembro de 2013. Meses depois, eles eram desmanchados por empresas de aço e metal em depósitos de Osasco e Suzano, não sobrando um Marcopolo Torino GV Volvo B58 em versão Padron para contar a história.
Bem, este foi o quarto episódio da série, mas teremos outros ao decorrer do ano. Então fiquem ligados. Tchau!