Bem, este é mais do que nunca a última postagem de 2022. E o que vamos falar nele? Terceiro episódio da série Ônibus que você não verá mais nas ruas de SP, falando deste icônico e único trólebus Mafersa que a Garagem do Brás teve, tinha o prefixo 7350. Como não há muita história para contar, este é sem dúvida o episódio mais curto deste blog.
A história dele começa em 1987 – como Jânio Quadros já era prefeito naquela época, ele operou com a última pintura raiz da CMTC (logo depois veio a faixa vermelha da Erundina e este foi o estopim para a privatização da estatal pelo Maluf). Na época, ele era da Garagem Santo Amaro e era fixo na linha 6500 Terminal Santo Amaro – Terminal Bandeira. Tinha a tração Chopper. Mas a permanência deste veículo não dura muito tempo na garagem e em 1990, ele é transferido para a Garagem do Brás após o controle de tração morrer de forma prematura. Então, ele recebe a tração eletropneumática – provavelmente transplantada de um Villarinho baixado antes – e após algum tempo, ele volta a operar e fica definitivamente fixo na linha 702P Belém – Pinheiros, provavelmente a primeira vez que um trólebus Mafersa roda pela nostálgica Rua Augusta (os outros Mafersas já rodavam na Faria Lima entre 1987 e 1993 na linha 775T Metrô Santa Cruz – Pinheiros e também alguns rodavam nas linhas da Garagem do Tatuapé – exemplos? 408A, 2340 e até 2100 e 2290, segundo informações no Facebook).
O trólebus 7350, com a Municipalização, recebe o prefixo 53 7350 e até estampa o M verde na faixa vermelha (até agora não entendi como a Erundina colocou a Garagem do Brás como sendo Zona Oeste, apesar de boa parte das linhas de trólebus estarem na Zona Norte com TP nesta região – talvez prevendo o boicote que o Belarmino promoveria contra o Grupo Ruas e seus empresários aliados, a Viação Nações Unidas, a ARC Transportes e a CCTC no segundo governo da maldita estrela vermelha?), mas em 1993, ele deixa de ter o M verde por causa do processo de privatização da CMTC, e no ano seguinte o único Mafersa da GBR é cedido à Transbraçal recebendo o prefixo 69 7350.
Sua faixa vermelha é remodelada três (ou será quatro?) vezes: na hipotética primeira remodelação que consta no antigo site do Grupo TB pelo Internet Archive, em abril de 1994, o 7350 tinha a logomarca da TB Serviços (que voltaria a ter a logomarca original em 1999 – isso só será confirmado no próximo episódio da série Trólebus Históricos do Jorge Françozo, se ele não aparecer, talvez o Douglas de Cezare tenha uma foto dele). A primeira (ou segunda) remodelação acontece dias depois – ou mesmo em abril de 1994, já que temos até hoje o vídeo do acidente do pitoresco 69 6023 no YouTube (aconteceu durante o enterro do piloto Ayrton Senna) – com a logomarca da TB Bus e o título “Transbraçal, Sistema de Transportes” após o prefixo pós-privatização. Já a segunda aconteceu em 1996, e praticamente o prefixo ficou enorme além de receber um eixo dianteiro Volvo B58 tanto na parte da direita quanto da esquerda.
Em 1998, como os parênteses já foi feito em cima, o 69 7350 sofre a maior remodelação da faixa vermelha, passa a ter a fonte Arial em todo o veículo (com o título da empresa alterado para “TB SERVIÇOS TRANSPORTE URBANO”) e na parte dianteira e traseira, seu prefixo fica igual ao Marcopolo Torino GV Volvo B58 Gevisa série 63 e aos trólebus faixa vermelha da Eletrobus (com exceção da dianteira do Marcofersa 68 7811, que não merece um episódio à parte por estar preservado pela SPTrans no Complexo Santa Rita). Nem é preciso dizer que eu já vi este veículo algumas vezes na Faria Lima e no centro de SP com esta reformulação de faixa.
Apesar da baixa dos Villarinhos e dos dois trólebus Grassi (6008 e 6012) em 2001, o 7350 passa a ser o único veículo da antiga geração da Transbraçal, que investiu na renovação de frota. No entanto, seus dias de glória iriam terminar de um jeito bem trágico (parafraseando aqueles programas do Investigação Discovery): antes de ser baixado, o 69 7350 recebeu o prefixo 369 7350 e nos momentos finais até um busdoor foi colocado na parte esquerda do veículo. O pior está por vir: do nada, a SPTrans e o Desgoverno Martaxa (acredite se quiser, São Paulo também teve desgovernos municipais – agora a esquerda está mirando os canhões no Tarcísio de Freitas) acabou doando o 7350 para o Governo de São Paulo, não para a Metra, nem para a Eletropaulo, mas para a Polícia Militar. Sabe pra qual finalidade? Para os estudantes policiais treinarem tiros contra o trólebus, uma verdadeira relíquia que acabou virando literalmente, um veículo assassinado! Se fosse pra treinar tiro, colocava um CAIO Amélia ou Vitória (o Alpha não conta porque ainda estava longe de se despedir da capital paulista) qualquer, desde que não seja ônibus articulado ou trólebus, no lugar do 7350. Tá aí a foto lamentável...