Atualização da cronologia das linhas 775T, 577U e 6345, com novas
informações. Começando...
1979 – Era aprovado o Plano Sistran pelo governo Olavo Setúbal, onde
previa a aquisição de 1200 trólebus, ou seja, 450 articulados (mas
infelizmente, ficou apenas nos dois trólebus articulados 8000 e 8001, embora
dois veículos Mafersa tenham sido testados) e 750 padron. Neste plano, previa a
instalação da linha Santo Amaro – Vila Mariana, que pegaria o corredor
Ibirapuera – Vereador José Diniz. No entanto, o projeto NEM SAIU DO PAPEL,
preferindo optar pela criação da linha Santo Amaro – Bandeira, hoje a 6500/10.
O ramal entre Santa Cruz seria para Pinheiros, pegando trechos em ruas onde o
ônibus a diesel não chegava (ou chegava, tanto que tínhamos a 775V?)
1982 – Início
da operação da linha 775T Metrô Santa Cruz – Pinheiros, utilizando os Marcopolo
San Remo Scania BR-116 e tração Tectronic. Não tenho tanta coisa para comentar
desta época, até porque não era nascido nos anos 80.
1986 – Com a
construção do corredor Santo Amaro – 9 de Julho no final do ano, os San Remo
saem tanto da linha 6500 quanto da 775T. Ambas as linhas passaram a operar a
DIESEL, enquanto o corredor era construído.
1987 – A linha 775T volta a operar com trólebus, desta
vez com os Mafersa M210 Villares, seja a
pintura do prefeito Mário Covas ou a
pintura londrina do Jânio Quadros.
1992 – O primeiro governo petista, chato, apelão e corrupto
demais, resolve fazer a bagunça. Apesar do governo ter sido a maior mentira que
SP já conheceu, os trólebus continuavam operando na 775T, mas não na 9300 Terminal Casa Verde – Praça Ramos, que passou a operar com frota a diesel Marcopolo Torino Scania
K112 e exclusivamente no Corredor Rio Branco.
1993 – Com Paulo Maluf eleito, começa a privatização da CMTC.
Nesta época, o especialista Jorge Françozo de Moraes filma os Mafersas elétricos em ação no cruzamento entre a Santo Amaro e a rua Afonso Braz, na Av. IV Centenário e no ponto final no Metrô Santa Cruz, confirmando o detalhe que os trólebus ainda operavam neste ramal na gestão do Maluf. Adivinhem para onde
a 775T foi? De acordo com um
busológo extremamente nostálgico que é uma enciclopédia de linhas de ônibus,
tendo um blog dedicado ao assunto, a linha passou a ser operada pela Transkuba ou pela Santa
Madalena, esta última utilizando cabritos e monoblocos Mercedes-Benz O365 em sua operação. No final do ano, os trólebus são novamente
retirados de circulação entre a Parada Afonso Braz (Corredor
Santo Amaro) e o Metrô Santa Cruz, inclusive
colocando em hiato a rede aérea das ruas Joaquim Floriano e Tabapuã, que vez ou
outra nos anos 90 (pelo menos até o dia 30/05/1998), passa a ser utilizado para o PAESE elétrico da linha 637P Term. Santo Amaro – Pinheiros que na época era operada por ônibus a diesel.
1995 – Em data incerta (provavelmente um sábado, já que a
Prefeitura até hoje sempre faz anúncios de mudanças de linhas ou de obras neste
dia), Maluf começa a fazer inversão de mãos em várias ruas da Vila Clementino
(entre elas, as ruas Borges Lagoa e Pedro de Toledo, a primeira era sentido
Ibirapuera e a segunda sentido Domingos de Moraes, não sei quanto a rua
Loefgren). Com isso, a 775T é
extinta, com a recém-fundada SPTrans alegando que as opções de linha são a 875C Lapa – Metrô Santa Cruz (existente
ainda hoje) e a 775V Rio Pequeno – Praça da Árvore (em 1997, também foi encurtada no Santa
Cruz, talvez por causa da Linha 1 Azul ajudar na demanda). A mesma coisa seria alegada pela Martaxa ao cancelar as linhas 577U e 6345 no futuro (ler abaixo),
mas vamos para a era do Celso Pitta.
1998 – Depois de um hiato de aproximadamente 6 anos, em
30 de maio de 1998, o ramal entre Pinheiros e a Parada Juscelino Kubitscheck
volta a ser operado por trólebus. Desta vez, a Viação Santo Amaro do lote 67
assume a linha 637P, que passa a ser operado por 23 veículos Neobus Mega
Evolution Mercedes-Benz O371 UL e tração Gevisa (os 14 restantes ou eram veículos de reserva técnica ou operavam nas
linhas 6500 e 2001 Term. Princesa Isabel – Term. Bandeira).
Pitta, que mostrou que era o único que podia
investir em trólebus ao lado do Maluf (futuramente o Kassab, conhecido pelo
bordão de Vagabundo dito a um homem que protestava contra a Lei Cidade Limpa),
após a privatização da CMTC, começa a reinstalar a rede aérea entre a parada Afonso Braz e o
Metrô Santa Cruz.
1999 – No final do ano e em data incerta (provavelmente um
sábado, já que a Prefeitura até hoje sempre faz anúncios de mudanças de linhas
ou de obras neste dia), a promessa de voltar com os trólebus no Metrô Santa Cruz finalmente é cumprida
quando a Eletrobus se interessa pela operação da linha 577U, que ia até o Butantã, nos arredores da USP. Nesta época, a Eletrobus disputava com a Transbraçal na Rua Augusta, na Av.
Cidade Jardim e no Jockey Clube, operando as linhas 207U Term. Aricanduva e 307U Tatuapé-CERET. Segundo Renato Lobo do portal Via Trólebus numa comunidade do
falecido Orkut, a 577U operava nesta época com 10 veículos de
prefixos 68 7719 ao 68 7728 (Marcopolo Torino GV Scania BR-116 e tração
Powertronics IGBT).
Foto: Jorge Françozo de Moraes
2000 – No dia 8 de abril, começa a operar a variante da 577U (código 41), que ia até Pinheiros e
com cinco veículos que antes tinham a propaganda do Baby (68 7761 ao 68 7766).
Mas a situação se inverte em pouco tempo: foi ampliada a frota para Pinheiros e
poucos trólebus iam de fato até Butantã.
2001 – Tudo indica que nesta época, a Eletrobus estava sob
nova direção (e a Prefeitura também, ou seja, mais um governo petista querendo
mostrar sua ganância, tanto no SPTV quanto na Folha de S. Paulo). A frota já
não estava mais padronizada como antigamente, com os trólebus de pintura
comemorativa dos 50 anos sendo vistos nas linhas da Zona Leste e na 4112
Santa Margarida Maria – Praça da República (ao invés
da tradicional 408A Machado de Assis – Cardoso de
Almeida), os Volvo série 79 e os adesivados Circular Central sendo vistos
em outras linhas fora do centro. Na 577U, além dos Circular Central, até o Marcofersa 68 7811 chegou a ser visto operando na linha! E
eu cheguei a ver com meus próprios olhos, já que morava perto da 577U, que naquela ocasião passou
definitivamente a ir até Pinheiros no dia 1º de outubro. Nesta época, os dois trólebus articulados 8000 e 8001 não operavam, devido ao fato de terem sido veículos exclusivos para testes no
Fura-Fila.
2002 – Este ano marca como o início do fim. Mais do que nunca, já que a Martaxa estava desenvolvendo o sistema Interligado junto com o Carlos Zarattini (PT). Inicialmente, o sistema
Interligado seria um híbrido de Municipalizado
(criado pela senhora Erundina) com o próprio Interligado, já que foram
criadas 8 áreas de atuação. A Eletrobus deixa de operar
e entra no lugar o Consórcio Aricanduva, que também tomou o lugar da Viação
Cidade Tiradentes. Na linha 577U, os veículos série
77 eram vistos com o prefixo 410, posteriormente como 468. Mas a cartada final
é dada no dia 27 de setembro, quando a 577U é cancelada para dar
lugar no dia seguinte à 6345 Terminal Parque
Dom Pedro II – Metrô Santa Cruz (Circular), operando
com os série 79 com portas elevadas a esquerda (Marcopolo Torino GV Volvo B58,
tração Powertronics). A linha fazia um trajeto bem diferente: fazia o mesmo
trajeto da 2002 até o Terminal Bandeira, depois pegava o Corredor 9 de Julho,
parando na mesma plataforma das linhas 6500
e 637P (e também dos biarticulados da Campo Belo / Transkuba nas linhas 6450 e
6451), e por fim fazendo o mesmo trajeto da 577U
até o Metrô Santa Cruz, quando voltava com o procedimento de sem esvaziar
passageiros, como faz até hoje a 2002.
2003 – Mais uma vez, a Garagem do Tatuapé ganha uma nova
empresa, a Viação Capital. E a frota elétrica que estava despadronizada, é
despadronizada cada vez mais, quando são vistos mais trólebus série 79 na linha
6345, vários deles sem portas a esquerda (os de prefixo 468 7920 a 468 7936). O
impensável ocorre quando o sistema Interligado é criado limitando a livre
concorrência para 40 empresas de ônibus (sendo parte delas cooperativas), e
então a linha 6345 é extinta. Pensa que acabou? A Martaxa ainda mandou retirar
a rede aérea em prol da construção do corredor de ônibus na Av. Ibirapuera, que
era para ter sido construído junto com o Corredor Itapecerica – João Dias
(inaugurado em 2000). Era declarado a guerra aos especialistas em
eletromobilidade. Em setembro, as linhas 6500 e
637P tiveram os trólebus retirados totalmente de circulação, e no dia 20/12/2003, Martaxa e o secretário de transportes J.T. (apenas uma
abreviatura) fizeram outro absurdo: a retirada dos trólebus dos bairros de
Pinheiros e Butantã.
OBS: Tirei o link do SPTV porque o canal original do
FilmesVHS saiu do ar no YouTube por culpa possivelmente da Globo Lixo, de
acordo com Danilo Rodrigues (Pedro Janov) em seu Twitter. É inadmissível esta
emissora continuar prestando um desserviço a sociedade, mas pelo menos salvei o
print do 468 7909 com o letreiro da 6345. O vídeo original (bem como outros do
SPTV mostrando os ônibus em ação) eu tenho ainda, mas não sei se vou repostar
porque esta emissora fica ferrando a vida não apenas de conservadores e liberais, mas de internautas que querem preservar a memória da TV brasileira
e mostrar que a Globo (que na época não era o lixo total de hoje) tinha outra
cara nos anos 80, 90 e 2000.
Dúvidas? Responda aqui nos comentários. Ainda em 2021, você terá mais
postagens detalhando o passado e o presente do sistema trólebus não só em São
Paulo, mas também no Corredor ABD e em Santos. Não tenho tempo pra mais nada.
Tchau!