Saturday, September 30, 2023

A vida curta dos trólebus Neobus (e o caos atual do Corredor Santo Amaro depois de 20 anos)

 

Esta postagem vai falar de duas coisas (Nando Moura sempre fala de dois assuntos, às vezes vários assuntos em um só vídeo só nas redes sociais): a rápida história dos trólebus Neobus, e o caos atual do Corredor Santo Amaro. Como não há muita coisa para falar, vamos lá.

37 trólebus que duraram pouco, graças a Martaxa, J.T., Constantino e muito mais

Em fabricação desde dezembro de 1997, no mesmo mês, chega a garagem Santo Amaro o primeiro trólebus Neobus Mega Evolution, chassi Mercedes-Benz O371 UL e equipamentos elétricos Gevisa (todo o sistema era Gevisa, inclusive nos Marcopolo Torino GV Volvo B58 série 63 da Transbraçal e no articulado 68 8000 da Eletrobus), com prefixo 67 7369. De início, passando por testes de desempenho e em janeiro de 1998 chegam outros 9 veículos (de prefixos 67 7370 à 67 7378), e no mês de fevereiro, começam a operar na linha 6500 Terminal Santo Amaro – Terminal Bandeira, dividindo espaço com os 77 trólebus Mafersa na época.

Mas em 30 de maio de 1998, a linha 637P Terminal Santo Amaro – Pinheiros deixa de operar com ônibus a diesel, já que tinha rede aérea em todo o trecho (desde à época da extinta 775T, que ia do Metrô Santa Cruz à Pinheiros), e com isso entra em operação os últimos 28 veículos (67 7379 à 67 7405, sendo que até o 7384, não tinham portas elevadas à esquerda), a maioria na 637P mesmo e o restante na 6500 (paradora) e a agonizante linha expressa 6504 (Expresso 9 de Julho), que seria extinta no último dia de 1998. Todos em faixa verde, minha gente, isso é mais marcante do que a faixa vermelha. Em junho de 1998, a Viação Santo Amaro, vulgo VSA, é convidada para operar uma das linhas do serviço Circular Central e com isso, adesiva 10 veículos Neobus (acho que entre os prefixos 67 7385 à 67 7394, mas me corrijam nos comentários se esta sequência estiver errada) que passam a operar na linha 2001, ligando os terminais Bandeira ao Princesa Isabel. Infelizmente, a estadia dos Neobus adesivados no centro da cidade não chega a durar muito, e em janeiro de 1999, são obrigados a voltar para a faixa verde e operando nas linhas 637P e 6500. Se quer saber mais do Serviço Circular Central, leia o blog Plamurb, do meu amigo Thiago Jim, aqui neste link.

Em 2001, quase todos os 37 trólebus Neobus são obrigados pela Viação Santo Amaro (e posteriormente pelas sucessoras SãoPaulo-SãoPedro e Eletrosul) a deixar a linha 637P, passando a operar exclusivamente na 6500. E em 2002, vários deles com portas à esquerda (os mesmos que tinham a pintura adesivada Circular Central) recebem a maldita e temida pintura dos bonequinhos da Martaxa, inclusive com a logomarca do Corredor Inteligente (inclusive os CAIO Alpha Mercedes-Benz O400 UPA da Gatusa e os Marcopolo Viale Volvo B10M biarticulado das empresas Transkuba/KBPX e Viação Campo Belo receberam esta logomarca).


Já em 17 de maio de 2003, com a situação quase perto de piorar de vez, os 37 Neobus são incluídos no sistema Interligado e recebem prefixos 7 5059 à 7 5095. Alguns até recebem a pintura do Interligado, como o 7 5074 e o 7 5086 (este não tinha os adesivos na íntegra).

Em 13 de setembro de 2003, finalmente o desfecho trágico: o Corredor Santo Amaro deixa de operar definitivamente com trólebus, graças à uma medida absurda da Martaxa e do secretário J.T. que queriam colocar ônibus híbridos no corredor a partir de 2004, e os 37 Neobus são encostados na garagem Santo Amaro com inacreditáveis 5 anos de uso, um verdadeiro desperdício de dinheiro público que o povo paulistano não deve aceitar e cobrar das autoridades um REEMBOLSO. O Ricardo Milani me contou uma história interessante: outro trólebus, o 7 5062, ainda estava sendo pintado no esquema Interligado quando houve a desativação impressionante, que parecia até cena de filme.


Mas o pior ainda estava por vir: a SPTrans tentou transferir (de acordo com comentários em grupos do Facebook) os 37 trólebus Neobus para a Garagem do Tatuapé (que já era operada pela SPBus), só que do nada, o Constantino resolveu processar a SPTrans para cobrar indenização dos veículos. Se não fosse o Constantino, eu imaginaria os Neobus operando em linhas um pouco curtas. Dizem que tinham capacidade máxima para 72 passageiros (os Torino GV padron tinham a capacidade máxima de 81 à 82, enquanto os articulados 8000 e 8001, 146 passageiros no máximo). Ou seja, uns operariam na 408A Machado de Assis – Cardoso de Almeida, enquanto os outros na 4112 Santa Margarida Maria – Praça da República, 4113 Gentil de Moura – Praça da República, 2002 Terminal Parque Dom Pedro II – Terminal Bandeira e 3160 Terminal Vila Prudente – Terminal Parque Dom Pedro II.

Graças a três pessoas, os Neobus não voltaram mais para as ruas... (e é melhor tomarem cuidado com os trólebus CAIO Millennium/Busscar Urbanuss Pluss/Ibrava, 15 anos de idade máxima só como previsto no contrato seria um absurdo)


Alguns detalhes que o Alessandro notou nestes veículos Neobus:

1 – Quando andei neles (e foram várias vezes, até 2003), eles tinham um som meio que robótico, pra lá de futurístico, mas parecido com os Marcopolo Torino GV Scania BR-116 e os atuais trólebus CAIO Millennium. Em alguns vídeos do YouTube, como no terceiro episódio da série Trólebus Históricos do Jorge Françozo, dá para captar uma pequena parte do som destes veículos (e acho que nos episódios de Araraquara, parece que os monoblocos tinham quase que o mesmo som do Neobus).

2 – Em 1998, já cheguei a presenciar os Neobus adesivados Circular Central rodando pelo Corredor Santo Amaro, só que com o letreiro Reservado – enquanto uns iam da garagem Santo Amaro para o Terminal Bandeira para iniciar a operação na 2001, outros faziam o trajeto inverso.

3 – Entre 1999 e 2001, alguns tinham busdoors na parte lateral e traseira do veículo, mas em 2002, cheguei a presenciar um Neobus faixa verde no centro da cidade fazendo uma linha que eu pensava que nem existia: 6500-51 Terminal Santo Amaro – Terminal Parque Dom Pedro II. Acho que no mesmo ano ou em 2003, outro trólebus Neobus chegou a ser presenciado por mim entrando na Rua Afonso Braz, possivelmente fazendo um retorno sem passageiros ou fazendo o PAESE da linha 577U Metrô Santa Cruz – Pinheiros (operada na época pelo Consórcio Aricanduva, que sucedeu a Eletrobus) ou a 6345 Metrô Santa Cruz – Terminal Parque Dom Pedro II (nesta época, Consórcio Aricanduva tinha sucessivas greves, que ocorriam quase toda santa terça-feira).

4 – Em breve, farei um resumo da operação dos trólebus do Corredor Santo Amaro desde à época da CMTC até o início da era Interligado, que engloba não só os Neobus como também os Mafersas e os Torino GV, incluindo os dois articulados 8000 e 8001 e até mesmo os dois híbridos 7701 e 7702.

Atual situação do Corredor Santo Amaro

Se você acha que na época dos trólebus, tudo era travado (opinião de esquerdista idiota que está doido para votar no Boulos daqui a um ano ou um defensor ferrenho da Martaxa ou do Ricardo Nunes), agora somente com os ônibus a diesel está pior do que nunca. Graças a reforma da última parte do corredor, de segunda a sexta, o corredor sempre fica TRAVADO por causa de alguns caminhões de obras que sempre fazem bobagem, fora que agora a Av. Santo Amaro entre a Afonso Braz e a Juscelino Kubitscheck agora tem apenas três faixas: duas no sentido centro (e mesmo assim TRAVA) e uma no sentido bairro, não sei se invertem ou não. Na época dos trólebus, isso nem era tão pior, mas agora só com os diesel, é ainda pior que nos anos 90 e início dos anos 2000. Vejam só as imagens!

E em outubro, volto com mais postagens, pena que não deu para postar mais algum post, algo relacionado à televisão, tecnologia ou videogame. Mas logo eu volto. Tchau!

Saturday, September 9, 2023

A pior declaração de Ricardo Nunes no tema da mobilidade elétrica (e a pior eleição municipal também)

 

Estas cenas não podem ser repetidas! Só porque os trólebus são frota pública? Olha que lixo...

É, meus amigos, o que eu sabia desde 2021 se tornou público depois de uma entrevista deste prefeito chato demais para uma rádio (não quero falar o nome dela). Nesta entrevista, ele disse, pela primeira vez, que quer tirar os trólebus de circulação. É por essas e por outras que meu voto não é mais nele. Aí vocês dizem para mim: “vote no Boulos, a democracia precisa ser respeitada na capital paulista”. QUE? O governo do Luladrão não é pra mim uma democracia, imagina com o Boulos na prefeitura, sendo ele capaz de dar cargos para o PSTU, principalmente para a Vera Lúcia, podendo ser a primeira vez que este partido entra numa gestão. Pelo menos o PCO é um dos inimigos do candidato do Partido Socialista Ordinário do Lúcifer.

Com um candidato idiota em primeiro lugar nas pesquisas, e um prefeito atual omisso e quase negligente (no governo dele, que se iniciou após a morte de Bruno Covas e no auge da pandemia do vírus impronunciável, a frota de ônibus caiu de 15 mil para 13 mil, ou seja, dois mil ônibus foram tirados de circulação sem ser substituído por outros veículos novos!), é capaz da terceira via ganhar força em São Paulo, com Tábata, Kim Kataguiri e Vinícius Poit ganhando o coração de pelo menos 50% do eleitorado paulistano. Pra mim, Boulos e Ricardo Nunes precisam bater recorde de rejeição, dando espaço para a terceira via ir para o segundo turno com um deles. Se de um lado, Boulos tem o J.T., Malddad e o Luladrão, Nunes tem a Martaxa do outro lado. Ou seja: ambos são contra a continuidade do trólebus, basta ver que J.T. e Martaxa já trabalharam juntos.

Agora voltando ao tema principal, eu espero que este ataque, este único insulto ao sistema trólebus da maior cidade do Brasil, fique apenas no passado. E para piorar (ou melhorar): não vi o Adamo Bazani comentando sobre esta pretensão absurda do prefeito, nem mesmo em um editorial, o que indica que ainda não existem planos para a desativação do sistema nos próximos cinco anos. Por onde anda o projeto do E-Trol? Seria a grande salvação do sistema, que segundo a SPTrans, “não será desativado em curto prazo”, ou seja, os trólebus sem dúvida completarão 75 anos. E deverá chegar aos 80 se tivermos o E-Trol, uma tecnologia que mescla baterias com catenárias, em plena operação na capital paulista. Nem é preciso falar como a tecnologia funciona, já que o próprio Bazani, a Eletra e o Plamurb do Thiago Jim explicaram.

Só mesmo o menino Coca-Cola de Santos para proporcionar o conceito de como seria o E-Trol, mas será praticamente assim... só que em Millennium V e um pouco curto :)

De início, como o E-Trol será um ônibus elétrico superarticulado de 21,5 metros, é provável que depois da análise de desempenho na Garagem do Tatuapé, seja testado na linha 2290 Terminal São Mateus – Terminal Parque Dom Pedro II, que precisa de veículos articulados para ontem. Seria a primeira vez em 11/12 anos que teríamos trólebus articulados nesta linha, já que tivemos a dupla 8000 e 8001 – e graças a Deus, ambos preservados.

Depois eu volto, com mais postagens neste mês de setembro. Tchau!